Os motivos alegados por Donald Trump para aplicar as tarifas são claramente políticos, na defesa de Bolsonaro e das plataformas de redes sociais. Porque, em relação à economia, a alegação dele de que o comércio com o Brasil seria injusto para os Estados Unidos não tem nenhum fundamento. Simplesmente não é verdade.
A carta de Trump critica a relação comercial com o Brasil: “muito pouco recíproca”, nas palavras do presidente americano. O fato é que o saldo das trocas brasileiras com os Estados Unidos aponta para um desequilíbrio, sim, só que com larga vantagem para os Estados Unidos.
Nos seis primeiros meses de 2025, vendemos US$ 20 bilhões para lá e compramos quase US$ 21,7 bilhões em produtos americanos. Fica um saldo negativo de US$ 1,6 bilhão. E isso não é de hoje. De 2009 para cá, a balança comercial sempre pende a favor dos Estados Unidos, com déficit para o Brasil.
Nos seis primeiros meses de 2025, o Brasil vendeu principalmente óleos brutos de petróleo, produtos semimanufaturados de ferro ou aço e café, e comprou óleos refinados de petróleo, peças para turbojatos ou turboélices e turborreatores usados na aviação. O professor da ESPM Leonardo Trevisan vê aí outro desequilíbrio a favor dos americanos:
“Nós estamos vendendo o produto como ele sai da terra, e ele é transformado em mercadoria nos Estados Unidos. Isso significa que o emprego e a renda da transformação desse produto ficam lá, e não aqui”.